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sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Noção das coisas...

Explicador é uma profissão mal compreendida.
Antes de procurar um explicador, é boa ideia prestar atenção nas aulas.
Se mesmo assim as coisas correrem mal, então sim, procurem um explicador.
É muito frustrante e desmoralizador estar a trabalhar com uma pessoa que não se esforça, que não nos ouve, que nos ignora!
"Está a pagar para isso."... não é desculpa. Há coisas mais importantes do que o dinheiro.
Quando um explicador sugere a um aluno que procure outro, é porque percebe que as coisas não estão a funcionar, já esgotou as suas opções e é uma das coisas mais honestas que pode fazer.
Um explicador que não se preocupe é um mau profissional. Está apenas a aproveitar-se da situação.
Da mesma forma, um aluno que não se esforce está a desrespeitar mais do que duas pessoas: o professor, o explicador e quem está a pagar as explicações.
Há professores que "não gostam de explicadores".
Bem, nos meus tempos de professor, uma vez tive vários alunos que me apareceram com coisas que não ensinei, e mais do que isso, estavam erradas.
Tentei perceber onde tinham "aprendido" aquilo.
Na minha ingenuidade pensei que pudessem estar a consultar bibliografia com erros.
Resposta: "Aprendi numa explicação".
Bem, pareceu-me que alguém ser esqueceu de uma lição básica: Em explicações deve-se olhar para os apontamentos dos alunos e para o material fornecido pelo professor.
Não me incomodava que recorressem a explicações.
Incomodou-me que preferissem as versões erradas e não tivessem percebido que aquilo estava errado.
Significava que estavam a memorizar regras em vez de usar a cabeça.
Em Matemática incomoda-me ver pessoas com essa mentalidade.
Agora, como explicador, vejo alunos que me chegam com cadernos, de professores com essa mentalidade e "sinto-me urso"...
Por vezes até com erros "copiados do quadro". Tenho de suspeitar do aluno, mexer cordelinhos e confirmar a informação. Na maior parte das vezes percebe-se que o erro foi do aluno a passar, mas... há um número considerável de vezes em que o erro não é do aluno.
Ás vezes até se encontram erros (graves) nos apontamentos dos alunos.
(Provar que uma afirmação está errada costuma ser fácil: normalmente basta arranjar um contra-exemplo, um exemplo em que aquilo não funciona)
Perceber a origem do erro, se é do aluno ou do professor, é fundamental.
Porque é necessário evitar conflitos entre o aluno e o professor, pois é o professor quem está a fazer a avaliação.
E sim, há professores que ou não são as pessoas mais indicadas para dar certas cadeiras/disciplinas, ou estão a passar um momento complicado e que por isso cometem erros.
Há que perceber o que se passa. Errar é humano e temos nas nossas mãos compreender se "o professor ensina errado" ou se foi um engano. Porque é o professor que vai avaliar o aluno.
Ignorar o que o professor ensina na aula é de um mau profissionalismo terrível.
"Isto são explicações e este é o meu método, se queres, queres, se não queres, procura outro." (já ouvi isto) 
Bem...
Se calhar eu devia pensar assim, mas isso não sou eu.
Eu importo-me.
Recuso situações que já sei à partida que vão correr mal. Não tem a ver com pessimismo ou optimismo. Tem a ver com já andar nisto há tempo suficiente para saber...


Se calhar não devia importar-me... Sou descartável.
Muitas pessoas não se importam comigo.
Depois de vários anos de explicações, são capazes de passar por mim e até fingir que não me conhecem. Porque me importo eu?
Devia magoar-me, e às vezes sim, a mágoa sente-se... mas ao fim de alguns anos até a isso uma pessoa se habitua.
Ás vezes pensava: "se calhar não presto, ou sou má pessoa... ou fui incompetente."Passei a analisar registos... Afinal, não fui incompetente. Fiz mesmo tudo o me foi possível... Mais do que devia até. Não tenho nada de que me envergonhar.


Agora, no princípio do ano lectivo, estive de baixa médica forçada. Informei os meus explicandos do ano anterior, informando de quando podia recomeçar.
Alguns simplesmente abandonaram-me.
Bem, eu quero sempre o melhor para eles, se o melhor foi procurar outro...
Eu tenho plena noção da minha descartabilidade. Não sou eu que dou notas. Há mil e um outros explicadores "na praça". Eu não sou importante.
Por melhor que eu seja ou queira ser... sou substituível.

Eu há muitos anos que tenho a filosofia "não fico onde não me querem".
Isso também se aplica às pessoas, não fico nas vidas de quem não me quer nelas.

Se calhar com o passar dos anos fui perdendo qualidades... ou se calhar nunca as tive.
Era suposto isto ser algo provisório, mas tornou-se permanente.

Os meus problemas de saúde são crónicos. Eles voltam, mesmo tendo eu todos os cuidados.
Se calhar...

"Isto são explicações, se queres, queres, se não queres, procura outro."

Não deve ser má política... ou se calhar, eu devia começar a pensar numa carreira alternativa. Ando há uns anos a pensar em escrever profissionalmente. E até a pensar em alguns conceitos para o Youtube.
Mas não me apetece ser "só mais um" (este "só mais um", está aqui por causa de algo que um dia me disseram na cara, e na altura marcou-me).
Não quero uma vida sem Matemática...

Este blog tem estado desactualizado porque tenho estado sem saúde, sem cabeça e sem tempo. Fora isso o Blogger/Google tem feito algumas modificações nas suas políticas, e código que me obrigam a repensar muita coisa.

A vida continua. Por enquanto, continuo aqui para quem quiser e precisar de mim.
Pode não parecer, mas eu ainda tenho noção das coisas.

Até à próxima...
PS: A minha conta pessoal do facebook está de férias.

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