Aos encarregados de educação e respectivos educandos que trabalharam comigo no projecto Gavela de Saberes entre Setembro e Dezembro de 2014.
Em Agosto de 2014 na reunião onde se discutiam as condições do projecto para o ano lectivo 2014/2015 apresentei os meus preços para o ensino secundário, que eram dos mais baixos praticados na Madeira, e também coincidiam com os praticados com vários outros colegas, como por exemplo, o (ainda) desaparecido Ricado Alho, com quem já tinha algumas combinadas.
Foi-me dito na cara que esse preço ninguém ia pagar e reduziram 20% no preço.
Para minha surpresa, nenhum dos meus colegas protestou.
Eu não sei eles, mas eu conheço o "mercado" de explicações de Matemática há pelo menos duas décadas.
Se tivermos em conta que desse preço reduzido ainda saem os honorários da instituição e a contribuição para a Segurança Social, a margem de lucro é irrisória, chegando mesmo a dar-me prejuízo, pois o ano tem 12 meses e o projecto apenas funciona de meados de Setembro a Junho!
Comparando com as minhas simulações e experiências anteriores de um projecto "a solo", onde incluía todas as despesas inerentes, o projecto estava em desvantagem.
Moral da história: trabalhar sozinho podia ser mau, mas era muito mais lucrativo.
Apresentei a situação e no fundo obriguei-os a rever os preços, mesmo depois de terem publicado cartazes (!).
Tentaram chantagear-me: só mexiam nos preços se eu continuasse lá todo o ano lectivo.
Não lhes dei essa garantia e dei-lhes um horário limitado, ocupando o resto do meu horário com outros projectos, (pois caso contrário não conseguiria pagar as minhas despesas!).
O projecto sofria de sérios problemas de organização. Algumas vezes tive de mudar de sala à última da hora, mas por três vezes fui "expulso" da sala onde eu estava a trabalhar com alunos.
A última vez, em Dezembro, mesmo por alguém associado ao projecto!
Ora, juntaram-se alguns problemas pessoais, e tomei a decisão de abandonar a gavela.
Comuniquei primeiro aos alunos, e depois, quando entreguei o livro de sumários, comuniquei à instituição.
( Seria irresponsável continuar a trabalhar nestas condições!)
Vários encarregados de educação contactaram-me. Para os que foi possível, continuei com os alunos.
Para os outros, sugeri que esperassem pela solução que a gavela arranjaria.
Explicações low-cost têm sérios problemas.
É necessário respeitar os profissionais, e ter em conta que na verdade, embora todos sejamos substituíveis, todos somos "únicos", e no meu caso, a Matemática faz uma grande parte de quem eu sou, tornando-me apto a trabalhar com pessoas dos vários graus de ensino, e mesmo em projectos bem afastados do ensino.
Com explicações low-cost, eu exijo que o aluno já venha preparado para trabalhar e não para ter explicações porque o encarregado de educação quer. Não me cabe a mim chatear-me com o aluno.
E ali, eu tive de me chatear várias vezes...
Portanto, voltei a trabalhar "sozinho", e tive uma grande taxa de sucesso.
Continuarei em Setembro com uma sala no centro do Funchal.
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